Os pés são a base que sustenta todo o corpo, mas muitas vezes não recebem a devida atenção no ambiente de trabalho. No Brasil, milhares de trabalhadores sofrem acidentes que poderiam ser evitados com o uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e a adoção de boas práticas de segurança. Entre as partes do corpo mais atingidas em acidentes ocupacionais, os pés estão entre os destaques, especialmente em setores como construção civil, indústria, logística, comércio e agricultura.
Ignorar a proteção adequada pode resultar em afastamentos, custos elevados para empresas e, principalmente, prejuízos irreversíveis à saúde do trabalhador. Neste artigo, você vai conhecer as principais lesões nos pés no ambiente de trabalho e descobrir como se proteger corretamente.
A importância de proteger os pés no trabalho
Os pés suportam diariamente o peso do corpo e estão em contato direto com o solo, ficando mais expostos a impactos, quedas de objetos, produtos químicos e até cortes com ferramentas. Diferente de outros membros, uma lesão nos pés pode comprometer a mobilidade e limitar completamente a capacidade de desempenhar funções simples.
No Brasil, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Ministério do Trabalho e Emprego, milhões de acidentes ocupacionais acontecem todos os anos. Dentre eles, grande parte envolve membros inferiores — sendo os pés uma das regiões mais atingidas. Isso se deve, em grande parte, à falta de EPIs adequados, ao uso incorreto dos equipamentos e à ausência de treinamentos específicos.
Principais lesões nos pés no ambiente de trabalho
1. Contusões e esmagamentos
Um dos acidentes mais comuns acontece quando objetos pesados caem sobre os pés. Isso pode gerar desde hematomas até fraturas graves. Pedreiros, carpinteiros, operadores de máquinas e trabalhadores da indústria metalúrgica estão entre os mais expostos.
Como se proteger: usar calçados de segurança com biqueira de aço ou composite, que resistem a impactos de até 200 joules, é fundamental para evitar esse tipo de lesão.
2. Cortes e perfurações
Materiais pontiagudos como pregos, vidros, arames e ferramentas cortantes podem perfurar a sola dos pés, provocando ferimentos profundos e até infecções. Isso é comum na construção civil, no setor moveleiro e em oficinas mecânicas.
Como se proteger: optar por calçados com solado ou palmilhas resistentes à perfuração, além de manter o local de trabalho limpo e organizado.
3. Queimaduras químicas e térmicas
Produtos químicos, óleos e solventes podem provocar queimaduras ou reações na pele quando entram em contato com os pés. Já em setores como siderurgia e padarias, há risco de queimaduras térmicas por contato com superfícies ou líquidos quentes.
Como se proteger: utilizar botas de segurança impermeáveis e resistentes a produtos químicos e altas temperaturas. Também é essencial verificar se o calçado possui certificação contra esse tipo de risco.
4. Entorses e fraturas por quedas
Escorregões e tropeços são frequentes em locais de trabalho com piso molhado, irregular ou cheio de obstáculos. Além das fraturas, entorses e luxações podem levar a longos períodos de afastamento.
Como se proteger: investir em calçados antiderrapantes, manter a área de circulação organizada e sinalizar superfícies escorregadias.
5. Doenças ocupacionais nos pés
Nem sempre as lesões são imediatas. O uso inadequado de calçados pode gerar problemas crônicos, como joanetes, fascite plantar, calosidades e dores musculares. Profissionais que passam muitas horas em pé, como vendedores, profissionais da saúde e trabalhadores de fábricas, sofrem ainda mais com esses problemas.
Como se proteger: escolher calçados ergonômicos e de qualidade, com palmilhas anatômicas e absorção de impacto, é essencial para preservar a saúde a longo prazo.
6. Choques elétricos
Trabalhadores da construção civil, eletricistas e técnicos de manutenção estão expostos a choques elétricos que podem atingir os pés em contato com superfícies energizadas.
Como se proteger: usar calçados isolantes elétricos certificados pela ABNT, que garantem segurança contra descargas elétricas em diferentes níveis de tensão.
7. Infecções e micoses
Em ambientes úmidos, o uso contínuo de calçados fechados pode favorecer a proliferação de fungos e bactérias, gerando micoses e até infecções graves.
Como se proteger: higienizar os calçados com frequência, usar meias adequadas (preferencialmente de algodão) e permitir a ventilação dos pés sempre que possível.
Como escolher o calçado de segurança ideal
Selecionar o EPI correto faz toda a diferença na prevenção de acidentes. No Brasil, os calçados de segurança devem obrigatoriamente possuir o Certificado de Aprovação (CA) emitido pelo Ministério do Trabalho. Esse documento garante que o produto foi testado e atende às normas técnicas de segurança.
Ao escolher o calçado, é importante considerar:
- Atividade desempenhada: cada setor tem riscos específicos, como impacto, corte, eletricidade ou calor.
- Conforto: modelos ergonômicos reduzem o cansaço e aumentam a produtividade.
- Durabilidade: materiais de qualidade asseguram maior proteção e economia a longo prazo.
- Tamanho adequado: usar o número correto evita desconfortos e lesões por atrito.

Boas práticas para proteger os pés no ambiente de trabalho
Além do uso dos EPIs corretos, algumas medidas simples podem reduzir bastante os riscos de acidentes:
- Treinamento constante: todos os colaboradores devem ser orientados sobre o uso correto dos calçados e os riscos existentes.
- Fiscalização e reposição: gestores precisam garantir que os EPIs estejam sempre em boas condições e substituí-los quando necessário.
- Organização do ambiente: manter pisos limpos, sinalizar áreas de risco e eliminar obstáculos são práticas essenciais.
- Pausas e alongamentos: ajudam a reduzir o desgaste dos pés em atividades que exigem longos períodos em pé.
- Cultura de prevenção: incentivar a comunicação entre equipes para relatar situações de risco e propor melhorias.
Consequências de negligenciar a proteção dos pés
Ignorar os cuidados com os pés no trabalho pode resultar em:
- Afastamentos prolongados com impacto direto na produtividade.
- Indenizações trabalhistas por parte das empresas.
- Custos elevados para o sistema de saúde e previdência.
- Prejuízos pessoais irreversíveis, como sequelas ou limitações permanentes.
Empresas que investem em segurança não apenas reduzem acidentes, mas também fortalecem sua imagem e aumentam a motivação dos colaboradores.
Tendências e inovações na proteção dos pés
O setor de EPIs tem evoluído constantemente para oferecer mais conforto e segurança aos trabalhadores. Hoje, já existem calçados de segurança com:
- Materiais ultraleves, que reduzem o cansaço.
- Palmilhas com memória de retorno, que se adaptam ao formato do pé.
- Design moderno, que permite uso fora do ambiente de trabalho.
- Solas com tecnologia antiderrapante avançada, testadas em diferentes superfícies.
Essas inovações tornam a adesão ao uso de EPIs mais natural e aumentam a proteção no dia a dia.
Os pés, apesar de muitas vezes esquecidos, são fundamentais para a mobilidade e o desempenho de qualquer trabalhador. No Brasil, onde os índices de acidentes de trabalho ainda são altos, proteger essa região deve ser prioridade para empresas e colaboradores.
As principais lesões nos pés no trabalho — como cortes, esmagamentos, queimaduras e doenças ocupacionais — podem ser prevenidas com medidas simples: o uso correto de calçados de segurança, treinamentos, organização do ambiente e manutenção de uma cultura de prevenção.
Cuidar dos pés é cuidar da sua base de sustentação. Mais do que cumprir normas legais, investir em proteção é garantir qualidade de vida, produtividade e tranquilidade tanto para o trabalhador quanto para a empresa.








